Olá! Seja benvinda (o) ao Rio Tua!

Este blog foi criado para partilhar saberes, opiniões, imagens, filmes sobre o rio, as populações e a linha de comboio. Numa época em que parece inevitável o desaparecimento de uma parte importante do vale do Tua, devido à projectada construção de uma barragem hidroeléctrica, pretendo com este blog promover a discussão sobre o destino do rio. Convido a participar quem acredite que a discussão e a partilha de ideias podem contribuir para uma democracia feita por todos! Reservando-me o direito de seleccionar os conteúdos a editar no blog, quero salientar que os critérios de publicação não se relacionam com as opiniões expressas (desde que identificados os autores), mas com a sua relevância para a discussão e com o respeito pelos leitores.
Envie as suas mensagens para riotuatom@gmail.com. Até já! Ana Barbeiro



quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Depois de uma caminhada


Há alguns anos, ainda não havia metro na linha do Tua, fiz com frequência este percurso de comboio, em conjunto com o da linha do Douro. Se esta tem encantos indiscutíveis e muito divulgados, o percurso no Tua sempre foi o ponto alto das minhas viagens. O livro ficava abandonado no banco, e eu permanecia de nariz colado ao vidro... As companhias - as gentes transmontanas que usavam este transporte - eram também um aspecto da viagem que muito me agradava. Construiu-se o IP4, prático para quem queria demorar menos de três horas (de autocarro) ou cinco (de comboio) de Mirandela ao Porto. Inventou-se o metro, mesmo antes do do Porto, e a linha pôde continuar a servir os poucos, mas também cidadãos de Portugal, que ainda habitam aquelas paragens.

Hoje voltei ao Tua, desta vez para fazer um passeio pedestre entre a aldeia de Tralhariz e a linha, que percorri, com um excelente guia e alguns amigos, durante algumas centenas de metros. Depois subimos novamente à aldeia, onde o café Sanzala tem uns simpáticos clientes e um vinho fino que nos recompensaram do cansaço da caminhada.

Dói-me o coração pensar que estas experiências deslumbrantes se podem perder para sempre; mas também compreendo os transmontanos que dizem que têm direito, como os outros portugueses, de viver numa terra onde a civilização também chegue. Trás-os-Montes não pode continuar a ser o museu natural, selvagem e abandonado do país, cada vez mais deserto de gentes, onde os velhos que ficam estão cada vez mais desprotegidos, à custa da protecção da paisagem.

Mas os transmontanos também não podem continuar a ser sacrificados, as suas ainda deficientes vias de comunicação reduzidas (desta feita com o “afogamento” da linha), a sua paisagem e modo de vida violentados, à custa do progresso do país!

Como compatibilizar, então, todas estas necessidades contraditórias? Não tenho uma resposta simples. Por enquanto, parece-me importante promover um amplo debate, ouvir os habitantes, os especialistas da paisagem, da fauna e da flora, os políticos, os admiradores das viagens de comboio (mais prático e ecológico dos que as auto-estradas). É importante que as opiniões e as tomadas de posição sejam feitas de modo informado!

Gostei muito do passeio de hoje, e gostaria de o fazer ainda muitas vezes nos próximos anos. Mas não será à custa deste prazer que desejo que a seca se agrave ainda mais na terra quente transmontana, ou que o país continue a sua depender grandemente do petróleo para ter energia... o meu desejo, talvez quimérico, é que haja políticos inteligentes que tomem decisões ouvindo e tendo em conta os interesses globais e particulares dos seus eleitores, mesmo os das minorias que persistem em habitar as inigualáveis terras transmontanas! Defendo, assim, que as opiniões, necessidades e posições de todos, particularmente os mais afectados, sejam tidas em conta, antes de uma decisão final.
28/12/2007 (texto também publicado no livro de visitas do Movimento Cívico pela Linha do Tua)

6 comentários:

Anónimo disse...

A destruição da Linha do Tua pode ser um retrocesso para o desenvolvimento, ao contrário do que muita gente, pensa a maior parte dos países desenvolvidos começam a regressar ao passado tentando encontar uma nova forma de progredir sem destruir o as mais valias das suas heranças.

Não nos podemos, porém, esquecer que a nossa região necessita de meios de locumução para o seu desenvolvimento e de novas formas de empreendimentos e não de desperdiçar milhões de euros para a produção de energias, que não serão usadas pelos Transmontanos, mas sim pela região mais rica de portugal.

A barragem trata-se de mais um “lobbie” descarado para alguns ganharem dinheiro e não para trazer mais valias a uma região onde os autarcas se esquecem de lutar pela globalidade e perdem tempo em quezílias internas esquecendo-se que o desenvolvimento e a sustentabilidade depende de todos, desde o comum cidadão ás chefias governamentais.


C.M.O.

Ana Barbeiro disse...

Cara(o) CMO
Agradeço o seu comentário, que foi o primeiro deste blog que, apesar de online, ainda não tinha sido divulgado! Mas pelos vistos já pode ser encontrado por quem se interessa! Gostaria, no entanto, que as suas próximas contribuições respeitassem a regra do "Rio Tua!, a de que os participantes se identifiquem!

Anónimo disse...

http://uk.youtube.com/watch?v=p6Zjm89gG1g
http://www.linhadotua.net

Flip disse...

Linha do Tua / Vale do Tua

Recordo com saudade a primeira vez que fiz a linha do tua para apreciar a sua beleza. De facto é um vale cheio de encantos e de uma beleza ímpar.
Apesar de ser pseudo trasmontano, e de achar que o vale do Tua é um do vale com uma beleza inquestionável, não deixo de me surpreender com tanta oposição à barragem. Apenas vejo oposição, infelizmente não vejo os transmontanos que se encontram indignados com o encerramento da linha do Tua a proporem uma alternativa lucrativa para combater a barragem.

O nosso país precisa de desenvolvimento, de ideias, de avançar. Não podemos é dizer não à barragem e nada fazer. Lembremo-nos do caso de Foz Côa, tanto se lutou contra a barragem e depois praticamente nada se fez. Quem visita, como eu já o fiz, fica indignado com tanta ignorância dos guias, por exemplo!

Um projecto como o do metro até ao Tua, antigo comboio, não seria de esperar que fosse mantido pela Refer por muito mais tempo. Quem conhece ou tem ideia do número de utilizadores, facilmente chega à conclusão que só pode ser um prejuízo para a Refer. O que se fez foi apenas substituir um comboio por uma carruagem moderna e nada mais!

É isso que é promover o turismo? Não haverá nenhum trasmontano desempregado que proponha um projecto com pés e cabeça de promoção à região, passando pela requalificação da linha do Tua. Sei que é muito fácil estar para aqui a dizer umas coisas e a expressar uma opinião, mas ficar parado e apenas dizer não à barragem é que não considero uma atitude inteligente.

No dia em que ouvir alguém a manifestar-se contra a construção da barragem e que mostre um projecto concorrente que defenda a linha do Tua, aí, eu também direi não à barragem!

Ana Barbeiro disse...

Caro Filipe

agradeço o seu comentário, que trás um contributo importante dentro da complexidade desta discussão! Continue a visitar-nos e a participar!
Em relação ao comentário nº 3, que nos apresenta links (copiar e colar no browser do explorador) para filmes publicados no youtube, agradeço também este contributo à(o) sr(a) sek! Já espreitei alguns dos filmes, que são documentos importantes das paisagens e das viagens na linha do Tua, para além das tomadas de posição que alguns explicitam. É pena a má qualidade da imagem e a pobreza da sonorização em alguns deles! Com criatividade e dedicação, podiam construir-se histórias (filmes) a partir daqueles arquivos de imagens! Fica o desafio para os videastas youtube de Trás-os-Montes!
Ana Barbeiro

Anónimo disse...

Já Houve projectos para renovar/ requalificar a zona das termas de São Lourenço cujas águas tem comprovada qualidade mas a autarquia local sempre arranjou forma de impedir tais avanços...
Tou a acabar o meu curso e quem me dera ser assim tão fácil propor um projecto, pois amo a minha terra e doi-me a alma ao ver o que está a acontecer...pois tem um potencial turistico enorme e por explorar.